A quem cabe mediar leitura?
Sueli Bortolin
O termo mediador deriva do latim mediatore, e significa aquele que medeia ou intervém. Em se tratando de leitura, podemos considerar que o mediador do ato de ler é o indivíduo que aproxima o leitor do texto e que facilita esta relação.
Podemos considerar como mediadores de leitura os familiares, os professores, os bibliotecários, os editores, os críticos literários, os redatores, os livreiros e até os amigos que nos emprestam um livro. Porém, os mediadores que mais se destacam são os familiares, os professores e os bibliotecários; portanto, é sobre eles que iremos tecer considerações.
Os familiares deveriam ser os primeiros mediadores de leitura, pois são os primeiros a estabelecer o elo de ligação entre a criança e o mundo; mas, em geral, os pais e demais membros da família não têm a dimensão da influência que podem exercer sobre as crianças no sentido de motivá-las à leitura. E também, infelizmente, nem sempre as condições econômicas do brasileiro permitem a ele a inclusão do livro no orçamento familiar, resultando que a maioria passa toda uma vida sem nunca ter comprado sequer um livro.
E assim, como a família nem sempre tem condições (econômicas e culturais) de cumprir a tarefa de mediadora da leitura, as escolas, de maneira precária ou de forma enriquecida, tentam fazer esta mediação. Portanto, o professor é encarregado compulsoriamente de aproximar o educando da leitura; e é fundamental que ele faça esta mediação, mostrando o texto de maneira prazerosa e não como instrumento de avaliação e tarefa. Para que o leitor, além de se ‘cumpliciar’ com o autor e as personagens, tenha no professor também um cúmplice; isto é, se o professor estiver disposto a compartilhar com ele a leitura/as leituras.
Da mesma forma, esperamos que isto também ocorra com o bibliotecário. Sobre este profissional, Silva (1987, p.5), comenta que: ”[...] percebo como impossível uma revolução qualitativa na área da leitura sem a participação e sem o compromisso dos bibliotecários para com os processos de mudança e transformação.” Possivelmente esta responsabilidade atribuída ao bibliotecário deve-se ao fato do mesmo se encontrar em uma situação privilegiada em relação aos demais mediadores citados, pois mesmo tendo um acervo de pequena quantidade, uma biblioteca pode possibilitar uma diversificação de leitura. Outra prerrogativa que pode ser considerada positiva na atuação do bibliotecário, é que ele, diferentemente do professor, não está atrelado a currículos e avaliações; portanto, tem maior liberdade para propor leituras, dialogar espontaneamente com o leitor, sem que o mesmo se sinta pressionado.
Independentemente de quem seja o mediador, vale salientar que a ele compete “[...] criar soluções próprias ou adaptar experiências alheias, consciente de que o leitor tem uma porta diante de si, em direção à leitura e ao conhecimento” (BARROS, 1995, p.58). Tamanha responsabilidade deve ser interpretada pelos mediadores como um desafio constante, pois o papel que eles desempenham na motivação de leitura pode interferir com maior ou menor profundidade na formação dos leitores de uma coletividade. Esperamos ainda, que os mediadores de leitura facultem aos leitores uma pluralidade de experiências, para que eles percebam a leitura não apenas como aprendizagem escolar, mas como elemento de lazer e satisfação.
REFERÊNCIAS
BARROS, Maria Helena Toledo Costa de. Leitura do adolescente: uma interpretação pelas bibliotecas públicas do Estado de São Paulo – pesquisa trienal. Marília: UNESP, 1995.
SILVA, Ezequiel Theodoro da. O bibliotecário e a formação do leitor. Leitura: teoria & prática, Campinas, v.6, n.10, p.5-10, dez.1987.
Sueli Bortolin
O termo mediador deriva do latim mediatore, e significa aquele que medeia ou intervém. Em se tratando de leitura, podemos considerar que o mediador do ato de ler é o indivíduo que aproxima o leitor do texto e que facilita esta relação.
Podemos considerar como mediadores de leitura os familiares, os professores, os bibliotecários, os editores, os críticos literários, os redatores, os livreiros e até os amigos que nos emprestam um livro. Porém, os mediadores que mais se destacam são os familiares, os professores e os bibliotecários; portanto, é sobre eles que iremos tecer considerações.
Os familiares deveriam ser os primeiros mediadores de leitura, pois são os primeiros a estabelecer o elo de ligação entre a criança e o mundo; mas, em geral, os pais e demais membros da família não têm a dimensão da influência que podem exercer sobre as crianças no sentido de motivá-las à leitura. E também, infelizmente, nem sempre as condições econômicas do brasileiro permitem a ele a inclusão do livro no orçamento familiar, resultando que a maioria passa toda uma vida sem nunca ter comprado sequer um livro.
E assim, como a família nem sempre tem condições (econômicas e culturais) de cumprir a tarefa de mediadora da leitura, as escolas, de maneira precária ou de forma enriquecida, tentam fazer esta mediação. Portanto, o professor é encarregado compulsoriamente de aproximar o educando da leitura; e é fundamental que ele faça esta mediação, mostrando o texto de maneira prazerosa e não como instrumento de avaliação e tarefa. Para que o leitor, além de se ‘cumpliciar’ com o autor e as personagens, tenha no professor também um cúmplice; isto é, se o professor estiver disposto a compartilhar com ele a leitura/as leituras.
Da mesma forma, esperamos que isto também ocorra com o bibliotecário. Sobre este profissional, Silva (1987, p.5), comenta que: ”[...] percebo como impossível uma revolução qualitativa na área da leitura sem a participação e sem o compromisso dos bibliotecários para com os processos de mudança e transformação.” Possivelmente esta responsabilidade atribuída ao bibliotecário deve-se ao fato do mesmo se encontrar em uma situação privilegiada em relação aos demais mediadores citados, pois mesmo tendo um acervo de pequena quantidade, uma biblioteca pode possibilitar uma diversificação de leitura. Outra prerrogativa que pode ser considerada positiva na atuação do bibliotecário, é que ele, diferentemente do professor, não está atrelado a currículos e avaliações; portanto, tem maior liberdade para propor leituras, dialogar espontaneamente com o leitor, sem que o mesmo se sinta pressionado.
Independentemente de quem seja o mediador, vale salientar que a ele compete “[...] criar soluções próprias ou adaptar experiências alheias, consciente de que o leitor tem uma porta diante de si, em direção à leitura e ao conhecimento” (BARROS, 1995, p.58). Tamanha responsabilidade deve ser interpretada pelos mediadores como um desafio constante, pois o papel que eles desempenham na motivação de leitura pode interferir com maior ou menor profundidade na formação dos leitores de uma coletividade. Esperamos ainda, que os mediadores de leitura facultem aos leitores uma pluralidade de experiências, para que eles percebam a leitura não apenas como aprendizagem escolar, mas como elemento de lazer e satisfação.
REFERÊNCIAS
BARROS, Maria Helena Toledo Costa de. Leitura do adolescente: uma interpretação pelas bibliotecas públicas do Estado de São Paulo – pesquisa trienal. Marília: UNESP, 1995.
SILVA, Ezequiel Theodoro da. O bibliotecário e a formação do leitor. Leitura: teoria & prática, Campinas, v.6, n.10, p.5-10, dez.1987.